Prognóstico De Marcha Em Crianças Com Encefalopatia

by Viktoria Ivanova 52 views

Introdução

A encefalopatia crônica não progressiva (ECNP) é um termo amplo que engloba um grupo heterogêneo de desordens neurológicas que afetam o desenvolvimento motor e cognitivo em crianças. Essas condições, que não são progressivas, manifestam-se precocemente na vida e podem resultar em diversas limitações funcionais, incluindo dificuldades na marcha. O prognóstico de marcha em crianças com ECNP é um aspecto crucial para o planejamento terapêutico e para fornecer informações precisas aos pais e cuidadores. Entender os fatores que influenciam a capacidade de uma criança com ECNP de andar é fundamental para estabelecer metas realistas e otimizar as intervenções.

A ECNP pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo lesões cerebrais pré, peri ou pós-natais, infecções, distúrbios metabólicos e fatores genéticos. As manifestações clínicas variam amplamente, dependendo da localização e extensão da lesão cerebral, bem como da idade da criança. As principais condições incluídas na ECNP são a paralisia cerebral (PC), que é a causa mais comum, e outras desordens como a mielomeningocele, síndromes genéticas e lesões cerebrais traumáticas. A PC, em particular, é caracterizada por distúrbios do movimento e da postura, resultando em limitações na atividade. A marcha, uma função motora complexa que envolve a coordenação de múltiplos sistemas, é frequentemente afetada em crianças com ECNP.

A avaliação do prognóstico de marcha em crianças com ECNP é um processo multifacetado que requer uma análise abrangente das habilidades motoras da criança, bem como de outros fatores contextuais e pessoais. A idade em que a criança adquire a capacidade de sentar sem apoio, por exemplo, é um importante preditor da marcha futura. Crianças que conseguem sentar sem apoio antes dos dois anos de idade têm maior probabilidade de desenvolver a marcha independente. Além disso, a presença de reflexos primitivos e a gravidade do tônus muscular também podem influenciar o prognóstico. A espasticidade, um aumento anormal do tônus muscular, é comum em crianças com PC e pode dificultar a marcha.

Neste artigo, vamos explorar os principais fatores que influenciam o prognóstico de marcha em crianças com ECNP, incluindo os aspectos clínicos, a classificação da função motora, os métodos de avaliação e as intervenções terapêuticas. Nosso objetivo é fornecer uma visão geral abrangente e atualizada sobre este tema, que é de grande relevância para profissionais de saúde, pais e cuidadores de crianças com ECNP. Ao entender os fatores prognósticos, podemos trabalhar juntos para otimizar o desenvolvimento motor e a qualidade de vida dessas crianças.

Fatores que Influenciam o Prognóstico de Marcha

Determinar o prognóstico de marcha em crianças com encefalopatia crônica não progressiva (ECNP) é um desafio complexo, pois depende de uma variedade de fatores inter-relacionados. Esses fatores podem ser amplamente classificados em clínicos, funcionais e contextuais. A compreensão desses fatores é essencial para fornecer uma avaliação precisa e um plano de intervenção eficaz. Vamos explorar cada um desses fatores em detalhes:

Fatores Clínicos

Os fatores clínicos referem-se às características médicas e neurológicas da criança que podem afetar sua capacidade de andar. Um dos fatores clínicos mais importantes é o tipo e a gravidade da ECNP. Como mencionado anteriormente, a paralisia cerebral (PC) é a causa mais comum de ECNP, e sua classificação (espástica, atetóide, atáxica ou mista) pode influenciar o prognóstico. Por exemplo, crianças com PC espástica, especialmente aquelas com diplegia espástica (comprometimento dos membros inferiores), podem ter um prognóstico diferente em comparação com crianças com PC atetóide, que apresentam movimentos involuntários e variáveis. A gravidade da PC é frequentemente classificada usando sistemas como o Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS), que detalharemos mais adiante.

A idade da criança ao diagnóstico também é um fator clínico relevante. Diagnósticos precoces permitem intervenções mais oportunas, o que pode melhorar o prognóstico. Além disso, a presença de condições associadas, como epilepsia, deficiência visual ou auditiva, e dificuldades cognitivas, pode complicar o quadro clínico e afetar a capacidade de andar. A presença de contraturas musculares e deformidades ósseas também pode limitar a marcha. Contratura é o encurtamento dos músculos e tendões, o que pode restringir a amplitude de movimento das articulações. Deformidades ósseas, como a displasia do quadril, podem causar dor e instabilidade, dificultando a marcha.

Fatores Funcionais

Os fatores funcionais referem-se às habilidades motoras e funcionais da criança. A capacidade de sentar sem apoio é um dos preditores mais importantes da marcha independente. Crianças que conseguem sentar sem apoio antes dos dois anos de idade têm uma probabilidade significativamente maior de desenvolver a marcha. Outros marcos motores precoces, como rolar, engatinhar e ficar em pé com apoio, também são indicadores positivos. A qualidade dos movimentos é outro fator funcional crucial. Crianças com movimentos mais coordenados e eficientes têm maior probabilidade de andar. A presença de padrões de movimento anormais, como o padrão em tesoura na PC espástica, pode dificultar a marcha.

A força muscular é essencial para a marcha. A fraqueza muscular, especialmente nos membros inferiores e no tronco, pode impedir a capacidade de se levantar e andar. O controle postural também é fundamental para a marcha. Crianças com ECNP frequentemente têm dificuldades em manter o equilíbrio e a estabilidade durante a marcha, o que pode aumentar o risco de quedas. A resistência física é outro fator importante. A marcha exige um gasto considerável de energia, e crianças com ECNP podem se cansar rapidamente, limitando sua capacidade de andar por longos períodos. A avaliação da função motora grossa, utilizando instrumentos padronizados como o GMFCS, é essencial para determinar o nível funcional da criança e prever seu potencial de marcha.

Fatores Contextuais

Os fatores contextuais referem-se ao ambiente em que a criança vive e às oportunidades que tem para desenvolver suas habilidades motoras. O apoio familiar é um dos fatores contextuais mais importantes. Pais e cuidadores que estão envolvidos no tratamento e que fornecem um ambiente estimulante e encorajador podem ter um impacto significativo no prognóstico da criança. A disponibilidade de recursos, como acesso a serviços de fisioterapia, terapia ocupacional e outros profissionais de saúde, também é crucial. Intervenções precoces e intensivas podem melhorar significativamente o prognóstico de marcha.

O ambiente físico em que a criança vive também pode influenciar sua capacidade de andar. Ambientes acessíveis, com superfícies planas e sem obstáculos, são mais favoráveis à marcha. Além disso, a oportunidade de interação social com outras crianças e adultos pode motivar a criança a se mover e explorar o ambiente. A cultura e as expectativas da comunidade também podem desempenhar um papel. Em algumas culturas, a marcha pode ser vista como um marco de desenvolvimento mais importante do que em outras, o que pode influenciar as expectativas e o apoio fornecido à criança.

Sistemas de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS)

O Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS) é uma ferramenta amplamente utilizada para classificar a função motora de crianças com paralisia cerebral (PC). Ele fornece uma descrição do nível de habilidade motora da criança com base em seu desempenho em atividades motoras grossas, como sentar, engatinhar, andar e correr. O GMFCS é um sistema de classificação de cinco níveis, com o Nível I representando a função motora mais independente e o Nível V representando a função motora mais limitada.

A utilidade do GMFCS reside na sua capacidade de fornecer uma linguagem comum para descrever a função motora, facilitando a comunicação entre profissionais de saúde, pais e cuidadores. Além disso, o GMFCS é um preditor útil do prognóstico de marcha em crianças com PC. Estudos têm demonstrado que o nível do GMFCS está fortemente associado à probabilidade de uma criança desenvolver a marcha independente. Vamos detalhar cada um dos níveis do GMFCS e suas implicações para o prognóstico de marcha:

Nível I

As crianças classificadas no Nível I do GMFCS têm a capacidade de andar em ambientes internos e externos, subir escadas sem corrimão e realizar atividades motoras grossas, como correr e pular. Embora possam ter algumas limitações na velocidade, equilíbrio e coordenação, sua função motora é relativamente independente. Para crianças no Nível I, o prognóstico de marcha independente é excelente. Elas geralmente conseguem andar sem dispositivos auxiliares e podem participar de atividades físicas e esportivas. No entanto, algumas crianças no Nível I podem se beneficiar de intervenções terapêuticas para melhorar a qualidade da marcha e prevenir problemas secundários, como dores musculares e articulares.

Nível II

As crianças no Nível II do GMFCS conseguem andar na maioria dos ambientes, mas podem ter dificuldades em superfícies irregulares, rampas e em multidões. Elas podem precisar usar dispositivos auxiliares, como bengalas ou muletas, para andar em longas distâncias ou em ambientes desconhecidos. Subir escadas pode ser um desafio, e elas podem precisar usar o corrimão. As crianças no Nível II têm um prognóstico razoável para a marcha independente, mas podem precisar de apoio adicional para participar plenamente de todas as atividades. Intervenções terapêuticas podem ajudar a melhorar a eficiência da marcha e reduzir a necessidade de dispositivos auxiliares.

Nível III

Crianças classificadas no Nível III do GMFCS usam dispositivos auxiliares de mobilidade, como andadores ou muletas, para andar na maioria dos ambientes. Elas podem ser capazes de andar em curtas distâncias sem dispositivos, mas geralmente precisam de apoio para manter o equilíbrio e evitar quedas. A marcha em superfícies irregulares e em ambientes externos é difícil, e elas podem usar uma cadeira de rodas para se locomover em longas distâncias. O prognóstico de marcha independente para crianças no Nível III é variável. Algumas crianças podem melhorar sua capacidade de andar com intervenções terapêuticas intensivas, enquanto outras podem depender de dispositivos auxiliares para a mobilidade.

Nível IV

As crianças no Nível IV do GMFCS usam principalmente cadeiras de rodas para se locomover. Elas podem ser capazes de andar por curtas distâncias com apoio, mas sua capacidade de andar é limitada e funcionalmente insignificante. A transferência da cadeira de rodas para outras superfícies, como camas e cadeiras, pode ser difícil, e elas podem precisar de assistência. O prognóstico de marcha independente para crianças no Nível IV é baixo. O foco das intervenções terapêuticas geralmente é melhorar a mobilidade na cadeira de rodas, o conforto e a participação em atividades funcionais.

Nível V

As crianças no Nível V do GMFCS têm a função motora mais limitada. Elas não conseguem andar e têm controle limitado da cabeça e do tronco. Elas precisam de assistência total para todas as atividades de mobilidade, incluindo rolar, sentar e transferir. O prognóstico de marcha independente para crianças no Nível V é extremamente baixo. As intervenções terapêuticas são direcionadas para melhorar o conforto, prevenir complicações secundárias e promover a participação em atividades significativas, como comunicação e interação social.

Métodos de Avaliação do Potencial de Marcha

A avaliação do potencial de marcha em crianças com encefalopatia crônica não progressiva (ECNP) é um processo abrangente que envolve a utilização de diversos métodos e instrumentos. Essa avaliação tem como objetivo identificar os fatores que podem influenciar a capacidade de andar da criança, bem como determinar o tipo de intervenção mais adequado. Os métodos de avaliação podem ser divididos em avaliações clínicas, funcionais e instrumentais. Vamos explorar cada um desses métodos em detalhes:

Avaliações Clínicas

As avaliações clínicas são realizadas por profissionais de saúde, como fisioterapeutas e médicos, e envolvem a observação e o exame físico da criança. Durante a avaliação clínica, o profissional irá avaliar diversos aspectos, incluindo:

  • Histórico médico: O histórico médico da criança pode fornecer informações importantes sobre a causa da ECNP, bem como sobre outras condições médicas que podem afetar a marcha.
  • Desenvolvimento motor: A avaliação do desenvolvimento motor inclui a análise dos marcos motores precoces, como a idade em que a criança começou a rolar, sentar e engatinhar. Esses marcos podem fornecer pistas sobre o potencial de marcha da criança.
  • Tônus muscular: O tônus muscular é avaliado para identificar a presença de espasticidade (aumento do tônus), hipotonia (diminuição do tônus) ou distonia (flutuação do tônus). O tônus muscular anormal pode dificultar a marcha.
  • Força muscular: A força muscular é avaliada em diferentes grupos musculares, especialmente nos membros inferiores e no tronco. A fraqueza muscular pode impedir a capacidade de se levantar e andar.
  • Amplitude de movimento: A amplitude de movimento das articulações é avaliada para identificar a presença de contraturas (encurtamento dos músculos e tendões). As contraturas podem restringir a marcha.
  • Reflexos: Os reflexos primitivos são avaliados para determinar se estão presentes além da idade esperada. A persistência dos reflexos primitivos pode interferir na marcha.
  • Equilíbrio e coordenação: O equilíbrio e a coordenação são avaliados durante a realização de atividades como sentar, ficar em pé e andar. Dificuldades no equilíbrio e na coordenação podem aumentar o risco de quedas.
  • Padrões de movimento: Os padrões de movimento da criança são observados durante a marcha e outras atividades. Padrões de movimento anormais podem indicar problemas neuromusculares.

Avaliações Funcionais

As avaliações funcionais avaliam a capacidade da criança de realizar atividades motoras grossas, como sentar, engatinhar, andar e correr. Essas avaliações podem ser realizadas utilizando instrumentos padronizados, como o Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS), que já foi discutido em detalhes. Além do GMFCS, outros instrumentos funcionais podem ser utilizados, incluindo:

  • Medida da Função Motora Grossa (GMFM): A GMFM é uma avaliação abrangente que avalia a função motora em cinco dimensões: deitar e rolar, sentar, engatinhar e ajoelhar, ficar em pé e andar, correr e pular.
  • Escala de Equilíbrio de Berg (BBS): A BBS avalia o equilíbrio em diferentes posições e atividades, como sentar, ficar em pé, transferir e andar.
  • Teste de Caminhada de 10 Metros (10MWT): O 10MWT avalia a velocidade da marcha em uma distância de 10 metros.
  • Teste de Caminhada de 6 Minutos (6MWT): O 6MWT avalia a resistência da marcha, medindo a distância que a criança consegue andar em 6 minutos.

Avaliações Instrumentais

As avaliações instrumentais utilizam equipamentos e tecnologias para obter medidas objetivas da marcha. Essas avaliações podem fornecer informações detalhadas sobre a biomecânica da marcha, como a cinemática (movimento das articulações) e a cinética (forças envolvidas na marcha). As avaliações instrumentais incluem:

  • Análise da marcha: A análise da marcha utiliza câmeras e sensores para capturar e analisar os movimentos da criança durante a marcha. Ela pode fornecer informações sobre a velocidade, o comprimento do passo, a cadência, os ângulos das articulações e as forças de reação do solo.
  • Eletromiografia (EMG): A EMG mede a atividade elétrica dos músculos durante a marcha. Ela pode ajudar a identificar padrões de ativação muscular anormais.
  • Baropodometria: A baropodometria mede a distribuição da pressão plantar durante a marcha. Ela pode ajudar a identificar áreas de pressão excessiva ou insuficiente.
  • Estabilometria: A estabilometria mede as oscilações do corpo durante a postura em pé. Ela pode ajudar a avaliar o controle postural.

A combinação dos resultados das avaliações clínicas, funcionais e instrumentais fornece uma imagem completa do potencial de marcha da criança. Essas informações são essenciais para o planejamento terapêutico e para fornecer um prognóstico preciso aos pais e cuidadores.

Intervenções Terapêuticas para Melhorar a Marcha

As intervenções terapêuticas desempenham um papel crucial na melhoria da marcha em crianças com encefalopatia crônica não progressiva (ECNP). O objetivo dessas intervenções é otimizar a função motora, promover a independência e melhorar a qualidade de vida da criança. As intervenções terapêuticas podem incluir fisioterapia, terapia ocupacional, uso de órteses e dispositivos auxiliares, intervenções farmacológicas e cirúrgicas. Vamos explorar cada uma dessas intervenções em detalhes:

Fisioterapia

A fisioterapia é uma das principais intervenções terapêuticas para melhorar a marcha em crianças com ECNP. Os fisioterapeutas utilizam uma variedade de técnicas e abordagens para fortalecer os músculos, melhorar a amplitude de movimento, aumentar o equilíbrio e a coordenação, e promover padrões de movimento mais eficientes. As intervenções fisioterapêuticas podem incluir:

  • Exercícios de fortalecimento: Os exercícios de fortalecimento visam aumentar a força muscular nos membros inferiores, no tronco e em outros grupos musculares importantes para a marcha.
  • Exercícios de alongamento: Os exercícios de alongamento visam melhorar a amplitude de movimento das articulações e prevenir ou reduzir contraturas musculares.
  • Treino de equilíbrio e coordenação: O treino de equilíbrio e coordenação visa melhorar a capacidade da criança de manter o equilíbrio e coordenar os movimentos durante a marcha.
  • Treino de marcha: O treino de marcha envolve a prática de diferentes aspectos da marcha, como o padrão de marcha, a velocidade, a cadência e a resistência.
  • Técnicas de facilitação neuromuscular: As técnicas de facilitação neuromuscular, como o Conceito Bobath e o Método Kabat, visam facilitar os movimentos normais e inibir os padrões de movimento anormais.
  • Treino em esteira: O treino em esteira pode ser utilizado para melhorar a resistência da marcha e a coordenação dos movimentos.
  • Treino com suporte parcial de peso: O treino com suporte parcial de peso envolve o uso de um sistema de suspensão para reduzir o peso corporal da criança durante a marcha. Isso pode facilitar a prática da marcha em crianças com fraqueza muscular.

Terapia Ocupacional

A terapia ocupacional também desempenha um papel importante na melhoria da marcha em crianças com ECNP. Os terapeutas ocupacionais trabalham para melhorar a função motora fina, a coordenação, o planejamento motor e as habilidades de autocuidado, que podem influenciar a marcha. As intervenções de terapia ocupacional podem incluir:

  • Atividades para melhorar a coordenação motora fina: Essas atividades podem incluir brincadeiras com objetos pequenos, desenho e escrita.
  • Treino de habilidades de autocuidado: O treino de habilidades de autocuidado pode incluir atividades como vestir-se, tomar banho e comer.
  • Adaptações ambientais: Os terapeutas ocupacionais podem recomendar adaptações no ambiente doméstico ou escolar para facilitar a mobilidade e a independência da criança.
  • Uso de dispositivos de auxílio: Os terapeutas ocupacionais podem ajudar a criança a aprender a usar dispositivos de auxílio, como bengalas, muletas e andadores.

Uso de Órteses e Dispositivos Auxiliares

As órteses e os dispositivos auxiliares podem ser utilizados para fornecer suporte e estabilidade, melhorar o alinhamento e facilitar a marcha. As órteses são dispositivos externos que são usados para suportar ou corrigir deformidades. Os dispositivos auxiliares são equipamentos que ajudam a criança a se mover, como bengalas, muletas e andadores. Os tipos mais comuns de órteses e dispositivos auxiliares utilizados em crianças com ECNP incluem:

  • Órteses tornozelo-pé (OTPs): As OTPs são órteses que suportam o tornozelo e o pé. Elas podem ser usadas para melhorar o alinhamento do pé e do tornozelo, controlar a espasticidade e facilitar a marcha.
  • Órteses joelho-tornozelo-pé (OTJTPs): As OTJTPs são órteses que suportam o joelho, o tornozelo e o pé. Elas podem ser usadas para fornecer suporte adicional para crianças com fraqueza muscular ou instabilidade articular.
  • Andadores: Os andadores são dispositivos que fornecem suporte e estabilidade durante a marcha. Eles podem ser usados para ajudar crianças com fraqueza muscular, problemas de equilíbrio ou coordenação.
  • Bengalas e muletas: As bengalas e muletas podem ser usadas para fornecer suporte adicional e melhorar o equilíbrio durante a marcha.

Intervenções Farmacológicas

As intervenções farmacológicas podem ser utilizadas para controlar a espasticidade, reduzir a dor e melhorar a função motora em crianças com ECNP. Os medicamentos mais comumente utilizados incluem:

  • Baclofeno: O baclofeno é um relaxante muscular que pode ser usado para reduzir a espasticidade.
  • Diazepam: O diazepam é outro relaxante muscular que pode ser usado para reduzir a espasticidade.
  • Toxina botulínica: A toxina botulínica é uma neurotoxina que pode ser injetada nos músculos para reduzir a espasticidade. Ela age bloqueando a liberação de acetilcolina, um neurotransmissor que causa a contração muscular.
  • Analgésicos: Os analgésicos podem ser usados para controlar a dor.

Intervenções Cirúrgicas

As intervenções cirúrgicas podem ser consideradas em casos selecionados para melhorar o alinhamento, reduzir a espasticidade e facilitar a marcha. Os procedimentos cirúrgicos mais comuns incluem:

  • Tenotomias: As tenotomias são cirurgias que envolvem o corte de tendões para alongar os músculos.
  • Osteotomias: As osteotomias são cirurgias que envolvem o corte e o realinhamento dos ossos.
  • Rizotomia dorsal seletiva (RDS): A RDS é uma cirurgia que envolve o corte seletivo de nervos na medula espinhal para reduzir a espasticidade.

A escolha da intervenção terapêutica mais adequada dependerá das necessidades individuais da criança e dos fatores que estão afetando sua marcha. Uma abordagem multidisciplinar, envolvendo fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, médicos e outros profissionais de saúde, é essencial para otimizar o prognóstico de marcha em crianças com ECNP.

Considerações Finais

O prognóstico de marcha em crianças com encefalopatia crônica não progressiva (ECNP) é um aspecto complexo e multifacetado que depende de uma variedade de fatores, incluindo os fatores clínicos, funcionais e contextuais. A avaliação abrangente do potencial de marcha, utilizando métodos clínicos, funcionais e instrumentais, é essencial para fornecer um prognóstico preciso e um plano de intervenção eficaz.

As intervenções terapêuticas, incluindo fisioterapia, terapia ocupacional, uso de órteses e dispositivos auxiliares, intervenções farmacológicas e cirúrgicas, desempenham um papel fundamental na melhoria da marcha e na promoção da independência em crianças com ECNP. Uma abordagem multidisciplinar, envolvendo a colaboração de profissionais de saúde, pais e cuidadores, é crucial para otimizar o prognóstico e a qualidade de vida dessas crianças.

É importante ressaltar que cada criança é única, e o prognóstico de marcha pode variar significativamente. Algumas crianças podem alcançar a marcha independente, enquanto outras podem precisar de dispositivos auxiliares ou cadeiras de rodas para se locomover. O objetivo principal das intervenções terapêuticas é ajudar a criança a atingir seu potencial máximo de mobilidade e a participar plenamente de todas as atividades da vida diária.

Ao longo deste artigo, exploramos os principais aspectos relacionados ao prognóstico de marcha em crianças com ECNP. Esperamos que as informações fornecidas tenham sido úteis e que possam contribuir para uma melhor compreensão e manejo dessas crianças. Lembrem-se, guys, o apoio contínuo e o acesso a intervenções adequadas são essenciais para garantir que cada criança com ECNP tenha a oportunidade de alcançar seu pleno potencial.